TCN não apresentou projecto

O Igespar ainda não se pronunciou nas audições para a elaboração de um relatório a ser entregue na AR sobre o mercado do Bolhão porque não tem nenhuma proposta concreta por parte da TCN. A empresa que ganhou o concurso ainda anda à procura de consensos.

Ana Caridade 1º JANEIRO - 20-05-2008

A falta de um projecto concreto sobre a intervenção no Mercado do Bolhão está a atrasar as audições parlamentares que acontecem no seguimento da petição que deu entrada na Assembleia da República. O deputado Fernando Jesus esteve ontem no Governo Civil do Porto para ouvir o Igespar, a TCN e a Ordem dos Advogados, e disse ao JANEIRO que “o processo está atrasado”. “Constatamos que o Igespar ainda não tem uma proposta concreta daquilo que a TCN quer fazer no Mercado do Bolhão”, disse o relator. Fernando Jesus informou que “têm havido reuniões entre as duas entidades”, mas que a empresa vencedora do concurso para a reabilitação do mercado “apenas tem apresentado conceitos”. Ontem, durante as audições, e ainda segundo o deputado, “a TramCroNe não apresentou nada concreto. Têm apenas um projecto de intenções do ponto de vista comercial, mas o que importa saber é se o projecto deles colide ou não com a lei que protege o património, uma vez que o Bolhão é um edifício classificado”. Durante as audições de ontem o Igespar não se pronunciou por falta de elementos concretos. Fernando Jesus diz que, pela sua parte o relatório poderá ser entregue à Assembleia da República no final de Julho, “mas como o parecer no Igespar é nuclear para a avaliação, tudo irá depender das reuniões que irão decorrer entre aquele organismo e a TCN”. “Uma coisa é certa”, salientou, “segundo a proposta da TCN, o interior do Bolhão vai deixar de existir. Resta saber de que forma é que isso colide com a Lei”.

Consensos difíceis
Pedro Neves, administrador delegado da TCN Portugal, admitiu ao JANEIRO que “durante o processo de concurso e de análise das propostas tudo nos fazia acreditar que estaríamos perto de uma solução final”. Acontece que, quase meio ano depois de ter ganho o concurso, a TCN ainda não apresentou o projecto para a reabilitação do Bolhão. “Temos soluções que estão de acordo com a proposta que ganhou o concurso público, mas essas soluções carecem da aprovação da Câmara do Porto e do Igespar. Só depois dessa aprovação é que as soluções podem ser desenvolvidas”, explicou Pedro Neves. O responsável adiantou que “estão a decorrer reuniões com a autarquia e com o Igespar no sentido de vermos como é que a nossa proposta pode avançar”. As obras só poderão avançar depois do projecto ser aprovado, o que Pedro Neves espera que aconteça ainda durante o primeiro semestre deste ano, ou seja, até ao final do mês de Junho. “A partir do momento em que houver acordo podemos começar”, afirmou. Paralelamente à apresentação de soluções “que sejam convenientes para todos”, o projecto está a ser desenvolvido e, assegurou Pedro Neves, “depois de se chegar a um consenso o resto será relativamente rápido”.
O administrador delegado da TCN Portugal não quis revelar quais são os aspectos que estão a criar impedâncias no processo, impedindo a progressão do projecto, afirmando apenas que “neste momento temos questões sobre a forma como interpretamos o edifício que têm que ser validadas”. “Não nos interessa revelar o que se passa nas reuniões. Apenas posso dizer que procuramos sintonia”.

Visita ao mercado
Fernando Jesus tem agendada para o dia 2 de Junho uma visita ao Mercado do Bolhão para contactar de perto com os comerciantes. Para além do património arquitectónico há outro muito importante que é o humano e que nós não podemos descurar”, realçou. O governante quer ouvir “na primeira pessoa” as preocupações e os anseios “de todos os comerciantes do interior e do exterior”.

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